Magia é no cotidiano e eu sou grata
- Raquel Oliveira
- 12 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Desde pequena me lembro que misturar ingredientes, caçar folhas pelas ruas e praças por onde eu andava, testar texturas, tudo isso sempre foi parte de um dia comum. Balbuciar canções, conversar com o sobrenatural, não ter medo da solitude - a vivência nada comum de uma criança que via mortos como vivos, depois uma adolescente iniciada em orixá e finalmente, uma adulta pomba gira anciã.
A mutação da lua ou o carrego dos ciclos, seja como for, sou grata por meu Orí ter me guiado a um caminho de abundância fazendo o que amo - magia, macumba, feitiço. Trabalho dançando, acordo cantando. Danço para orixá e ancestral e canto para eles também, para que estejam vivos e celebrando a possibilidade de levar magia para mais pessoas. Que elas possam enxergar o re-encanto das coisas todas através desta minha alquimia ditada pela mais velha e ouvida por mim com atenção de criança descobrindo o mundo.
Tem gente que acha que eu não trabalho - não sou registrada numa empresa multinacional. Mas a empresa que eu me registrei é maior, chama Òrun, e tem filial no Aiyé. Aqui eu trabalho todos os dias, noites e muitas vezes tenho folga, quando Ègbè Òrun entende que eu posso descansar um tempo. A exigência é alta - descansar é continuar a leitura, a escrita, a magia mas eles me deixam fazer isso de dentro da minha caverna.
Poder trabalhar com toda essa magia viva é uma benção que orixá me entregou - pedi trabalho feliz e bem remunerado - Ifá me deu capacidade criativa, persistência, firmeza, saúde. É assim que orixá atua - ele oferece condições para as nossas grandes realizações.
Àse ire ooo.
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